A obesidade pode interferir de forma contundente na capacidade reprodutiva de homens e mulheres. Isso porque o quadro de sobrepeso afeta os ciclos hormonais, prejudicando a produção e espermatozoides e atrapalhando a ovulação, consequentemente também os ciclos de estimulação ovariana.

Apesar da obesidade, muitas mulheres conseguem engravidar de forma espontânea. No entanto, estudos apontam que mulheres com excesso de peso têm três vezes mais chances de sofrer de infertilidade do que aquelas que estão com o peso considerado ideal. Além disso, a obesidade também está associada a menores taxas de sucesso em tratamentos de reprodução assistida.

A explicação é que o peso elevado nas mulheres causa irregularidade nos ciclos menstruais. O excesso de gordura faz com que o corpo produza mais estrona (um hormônio semelhante ao estradiol, porém não com a mesma ação), levando a distúrbios da produção hormonal ovariana e prejudicando a ovulação.

Mulheres obesas ainda podem desenvolver outros problemas, como a síndrome dos ovários policísticos, dislipidemias, hipertensão e anovulação.

Infertilidade masculina ligada à obesidade

Em homens, o excesso de peso interfere diretamente na produção de espermatozoides (quantidade, mobilidade e qualidade), já que os níveis de hormônio ficam alterados. Há uma produção menor de testosterona, causando perda da libido e disfunção erétil, além do aumento do estradiol, que afeta diretamente os espermatozoides.

A concentração de espermatozoides em um homem com sobrepeso é cerca de 10% menor que em um indivíduo com peso ideal. Em homens obesos, a taxa chega a ser 20% menor.

>> Veja outros fatores que interferem na fertilidade do homem

Diferentes graus de obesidade e sua relação com a fertilidade

O estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, apontou que 96 milhões de pessoas são obesas ou estão acima do peso no Brasil. Ou seja, atualmente, seis em cada 10 brasileiros convivem com excesso de peso.

Quando se considera apenas pessoas em idade reprodutiva, a incidência da obesidade é impactante: de 2002 a 2019, o saldo era de 12,2%; agora está em 26,8%.

A fórmula para calcular o grau de obesidade é bem simples. Basta medir o Índice de Massa Corporal (IMC), dividindo seu peso (em quilos) pela sua altura (em metros) ao quadrado.

O resultado ideal deve ficar entre 20 e 25. Se o valor for abaixo de 20 ou acima de 30, pode afetar a fertilidade e, por isso, vale a pena buscar a ajuda de um especialista.

O IMC é uma medida simplificada para identificar excesso ou carência de peso. Como existem várias composições corporais, eventualmente será necessário fazer outros tipos de exames para identificar a obesidade e sua relação com a fertilidade do casal.

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Veja quais são os valores de IMC possíveis e em quais categorias se encaixam:

  • ≤ 18,4 kg/m² — abaixo do peso;
  • 18,5 – 24,9 kg/m² — normal;
  • 25,0 e 29,9 kg/m²— sobrepeso;
  • 30,0 e 34,9 kg/m² — obesidade grau I;
  • 35,0 e 39,9 kg/m² — obesidade grau II;
  • ≥ 40,0 kg/m² — obesidade grau III.

Tratamentos para infertilidade em mulheres com obesidade 

Antes de iniciar um tratamento para infertilidade, a paciente obesa precisa passar por um programa de emagrecimento. Os primeiros passos são praticar exercícios físicos e adotar uma dieta equilibrada. Caso seja necessário tomar alguma medicação, o procedimento deve ser acompanhado por um médico especialista.

Mulheres que conseguem a redução de 5 a 10% do peso total, podem voltar a ciclar e ovular naturalmente, consequentemente conseguindo uma gestação espontânea.

Mesmo para tratamentos em Reprodução Assistida, a redução de peso e gordura corporal ajuda a restabelecer o bom funcionamento hormonal, melhorando assim as chances de sucesso.

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Obesidade: riscos para a mãe para o bebê

Futuras mamães que sofrem com obesidade, correm maior risco de desenvolver:

  • Pressão alta (hipertensão arterial);
  • Diabetes mellitus do tipo 2;
  • Disfunção sexual;
  • Apneia do sono;
  • Alterações nas articulações;
  • Depressão;
  • Doenças do coração;
  • Problemas respiratórios;
  • Cálculos biliares (Ex.: pedra na vesícula);
  • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP);
  • Síndrome metabólica;
  • Alteração do lipidograma (colesterol e triglicérides).

Durante a gravidez, outros fatores de risco podem aparecer. São eles:

  • Síndrome hipertensiva;
  • Ganho excessivo de peso;
  • Diabetes gestacional;
  • Abortamento;
  • Parto prematuro;
  • Parto por cesárea;
  • Macrossomia fetal (peso fetal estimado a ultrassonografia > 4 kg) ou restrição de crescimento intra-útero;
  • Trombose;
  • Complicações relacionadas ao parto cirúrgico (infecção e sangramento);
  • Dificuldade com a amamentação (pós-parto).

Os riscos da obesidade durante a gravidez não afetam apenas as mães, podendo afetar também os bebês:

  • Prematuridade;
  • Ser grande para a idade gestacional;
  • Morte no período neonatal;
  • Internação em UTI;
  • Anomalias congênitas — alterações do tubo neural (meningomielocele, por exemplo), defeitos cardíacos, lábio leporino ou defeitos do palato, atresia anorretal, hidrocefalia, alterações dos membros, entre outras;
  • Obesidade na infância;
  • Puberdade precoce;
  • Distúrbios do metabolismo da glicose com tendência ao diabetes.

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